ou 76° Norte ;): Luluzinhas (post antes que acabe o 'mês da mulher')

Ser mulher é quase igual em todo canto do mundo. Salvo em culturas e/ ou religiões em que claramente as limitações na sociedade são ditadas por códigos de vestimentas, comportamentos e lugares, o mundo é delas – também. De resto, é aquele lugar de ‘certezas’ e códigos não definidos. É o embaçado. É o que julga pela maneira em que está vestida (vcs lembram do caso da menina Geisy Arruda que vestida com um vestido Pink justíssimo foi 'desautorizada' por uma multidão na faculdade que a ameaçava de linchamento?) e pune. São homens – e mulheres machistas – que determinam como as mulheres devem se vestir, ‘permitindo’ ou não uma vestimenta ou um comportamento. E, de novo, as regras não são claras e o julgamento ocorre em todo momento e muda aqui e lá de acordo com o costume e a cultura. Já experimentou usar um maiô ou um biquíni ‘grandão’ no Brasil? Eu já! :P.

Aqui, no ano passado, tivemos uma manifestação das mulheres reivindicando o direito de se vestir como quiser. Eu participei. E percebi que essa é uma queixa de boa parte das mulheres chamadas ocidentais. Por que é ‘globalizada’ a ideia justificar casos de violência sexual cometidas por homens contra mulheres pela maneira com que estas se vestem. “Aqui também!?” pensei. Acho que no Canadá, as situações de reprovação são apenas mais sutis que no Brasil. Porque no fundo, o argumento é o mesmo; é como se – veja você – ‘elas ’ despertassem o interesse dos ‘machos’ com decotes e roupas insinuantes. E eles, incapazes de resistir, agissem por instinto. A discussão vai longe...

Eu não vou esgotar esse assunto aqui, claro que não ...todo esse introito foi pra falar um pouco de dois temas relacionados a ‘meninas’ por aqui.

Primeiro, o grupo ‘Sale Pub Sexiste’: são engajadas (os) – tem meninos lá também – em denunciar o sexismo na publicidade. A exploração da imagem da mulher – e do homem também – como objeto, sabe? Por exemplo? Na principal estação do metrô tinham dezenas de cartazes do anúncio de um perfume. Era um moça seminua, tendo os seios cobertos pelo vidro do ‘cheiroso’. Dia seguinte, passando pelo mesmo local, os mesmos cartazes tinham sobre eles um adesivo: SALE PUB SEXISTE*. Dia seguinte adesivos retirados, dia seguinte recolocados...ai ai ai! E assim ficou por semanas, esse tira-e-bota. Em cartazes de propaganda de lingerie, idem. Isso em diversas estações de metrô. Esse pessoal trabalha rápido, hein? E não é assim mesmo?Cada um (a) luta pelo que acredita :).

Segundo, um adesivo da empresa responsável pelo sistema de transporte me chama atenção na janela de um ônibus. A informação é clara: mulheres (e só mulheres) têm o direito de pedirem ao motorista para descerem fora das paradas pré-determinadas no trajeto, a partir de um determinado horário. Leia-se noite. Ah-hãm não há paraíso na terra, Lulus! Atenção sempre, a lugares ermos, horários impróprios...atitudes suspeitas...verdade que aqui, a liberdade é bem maior que no Brasil. Posso voltar do cinema à meia-noite sem ter que pedir a um amigo do sexo masculino pra me acompanhar na volta pra casa. Aliás, tenho uma vida tão tranquila sem ‘precisar’ da companhia de ninguém...uma liberdade deliciosa!

As meninas aqui se vestem com hot-pants (aquelas usadas pela mulher maravilha, lembram?) no verão, saias curtíssimas nas bicicletas e nem por isso são tocadas por um desconhecido que imagina que elas tenham se vestido 'daquela forma' com o objetivo de serem importunadas por um estranho qualquer. Se assim eles pensam, não ousam claramente assim agir. Sim, elas se vestem com o corpo muito mais à mostra que em geral uma brasileira – e são igualmente lindas! – mas nós é que levamos a fama pelo mundo...rs! E o melhor é que estão livres da intimidação de uma multidão por irem ‘demasiadamente sexy’ para uma aula na faculdade ;P.

*algo como 'propaganda suja sexista'