segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Alouínn

Dia das Bruxas – e outros agregados – na banda de cá do planetinha azul. A religião Celta diz que dia 31 de outubro é a data do ‘todo poderoso das trevas’ (toc-toc-toc) sair por aí junto com sua troupe pra ver o que tá rolando.
No final da visita, ele tenta levar pro seu mundo uma galera que ainda não faz parte dele; angariar novos fiéis, por assim dizer. Acontece que os vivinhos da silva que não estão nem um pouco interessados em conhecer o lado de lá – e passar um calor daqueles pelo resto da ‘não-existência’ – se fantasiam para tentar confundir o tal do ‘bicho ruim’. Pra que ele vá embora sem muito sucesso nessa empreitada.
Essa estória eu ouvi pela primeira vez aos 5 anos de idade no curso de inglês em Salvador. Imaginem como fiquei pra lá de impressionada. Mas depois, quando vi que isso fazia parte da cultura norte-americana e um pouco da européia, fiquei mais aliviada ;). Até participei de concurso de abóboras enfeitadas e tirei o último lugar... (buááá ).
Sou do tempo em que o Halloween era comemorado em festas de escolas privadas de idiomas, como uma espécie de celebração cultural de um povo. As coisas mudaram e eu lamento um pouco. Gosto da fantasia, do ‘Doces ou Travessuras’, da farra toda; mas aqui em cima, onde estou agora.:)
Claro que já participei de festa a fantasia no Brasil. Mas sempre achando que isso tem mais a ver com uma boa farra de carnaval de rua. Um bom baile pra pular até de madrugada e chegar rouca em casa ainda assobiando os últimos acordes daquela música.
Gostei – e muito – das festas de Pré- Halloween que participei por aqui. Do clima que se instala. De entrar num bar e ver uma “banana” tomando cerveja com um “presidiário”. De assistir a um jogo de Hockey ao lado de um “comandante de avião” (uh-lá-lá). Isso tudo faz bem mais sentido por aqui.
Com alguns quebequenses, pude até conhecer lendas locais assombradas, de deixar o cabelo em pé! E ainda, tem as casas com decorações temáticas fofas. Não pude resistir, né?!
Ah, no Brasil decretaram 31/10 o Dia Nacional do Saci-Pererê. Boa coisa, pra preservar nosso folclore :).         

BUUUUUU!

Só assim pro Drácula pintar em plena luz do dia!

Ei! Alguém perdeu uma cabeça por aí?

Perigo, casa mal assombrada!Ihihih!

Aqui Jaz a bruxa da vizinha, ou a vizinha da bruxa?!
 

domingo, 16 de outubro de 2011

Outono

Quando as primeiras folhas caem das árvores é hora de se preparar para o inverno. Foi o que uma amiga russa, a Marina me ensinou. No seu país de origem, é hora de preparar compotas e  sabores, congelar suprimentos de toda sorte para se empanturrar nos meses que seguem. Quando pouca gente se encoraja a sair de casa, quando algumas frutas não estão tão disponíveis assim, e o vento sopra friozinho nas orelhas é melhor ter a dispensa cheinha de recheio.
Se já caíram as primeiras folhas e a natureza começa a sorrir amarelada pela copa das árvores, segundo Marina, é a hora boa de colher... cogumelos! Nos arredores da Grande Montreal em pequenos bosques onde Chapeuzinho Vermelho se arriscou a encontrar o Lobo Mau, tem um monte de cogumelos de todo tamanho e cheiro. Eles crescem aqui e ali como guarda-chuvas de duende ou arranha-céus de formiga e melhor de tudo, são uma delícia.
Marina sai da pequena Floresta Negra não-alemã com um saco plástico cheinho deles. Parece até que foi no mato fazer supermercado!Imensos, frondosos, com perfume de chuva. Sujos de terra como que cobertos de chocolate em pó. Eu pergunto como ela pode saber se os cogumelos que colheu não são venenosos. Ela responde que já sabe com o olhar apurado de quem faz isso desde a infância em São Petersburgo. Ainda assim me contou um segredinho: Numa frigideira aqueça os champignons com alho. Se eles ficarem negros, são venenosos. O melhor a fazer é jogar no lixo.
Marina me aqueceu mais o coração com a receita de cogumelos e batatas. Foi me explicando no caminho de volta como prepará-los: cozinhar batatas com água e sal numa panela. Em seguida numa frigideira fatiar os cogumelos e refogá-los com manteiga. Colocar orégano e levar tudo ao forno por 15 minutos com um ’lençol’ de queijo por cima. Nham-nham!Mesmo para quem não está ‘outonando’. ;)


Olha só o chapelão dele!



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Hy Brazil


Foi lendo "A Viagem do Descobrimento" de Eduardo Bueno (Editora Objetiva) em 1998, que ‘ouvi’ pela primeira vez falar na Hy Brazil. E assim descobri que o Brasil estava no imaginarius da humanidade desde o século doze, ao menos. Segundo uma das lendas, foi a ilha em que São Brandão se exilou depois de uma dessas vidas agitadas que só os santos têm :).
Era uma ilha flutuante que passeava pelo oceano atlântico a oeste da Irlanda.  No irlandês arcaico, Bras quer dizer bonito, mítico...
Apesar disso, aprendemos ‘desde que o mundo é mundo’ que o nome oficial da nossa querida Terra Brasilis vem do Pau-Brasil. Vegetal abundantemente encontrado em nossas terras, cuja madeira tem cor de brasa, vermelho esse imensamente importado para tingir de nobreza os trajes europeus nos nossos primeiros tempos. Será isso mesmo,hein?
Eu fico com a estória da ilha fantasma como a origem verdadeira do ‘nosso nome de batismo’. Imagina que o brasilzinho era uma ilha imaginária pensada na Irlanda como um paraíso na terra, um lugar extraordinário cheirando a mistério... Daí, encontraram o tal pedaço de terra no mar austral e foi só ligar o ‘nome a pessoa’! Batata!
E não é que no imaginário da maioria dos estrangeiros, o Brasil continua a ser essa terra mítica de maravilhas a serem exploradas? E, melhor ainda, fonte de inspiração e sonho.
Foi andando nas ruas do centro de Montreal que ‘vi’  numa vitrine Carmen Miranda – mulher-maravilha de indumentária inventada pelo nosso Dorival. Que nos anos 40 fez o mundo inteiro sonhar* com o nosso paraíso tropical. Foi assim que pensei neste post que,no início, iria falar sobre Carmen. Mas aí, bom...já é outra conversa ;).
Ah, sobre Carmen recomendo "Carmen Miranda foi a Washington" de Ana Rita Mendonça.

Uma ilha mágica 'dando sopa' no atlântico, daqui ó

Carmen, a baiana estilizada


*claro, sob a Política da Boa Vizinhança do Presidente estadunidense Franklin Delano Roosevelt