Montrealzinha, toda prosa, apresenta uma outra cidade a cada momento. A que eu vejo agora, é a cidade dos gatos perdidos . Na região em que moro, boa parte dos postes – porque fora do centro os postos são de madeira? – estão ‘decorados’ de cartazes bilíngues: Chat perdu/ lost cat. Seguem descrições minuciosas dos bichanos. Pinta escura na pata direita, rabo torto e orelha rasgada, cor de burro quando foge. E ainda, vejam vocês, traços de personalidade como carinhoso e arredio, por exemplo. As fotos são de arrasar: os gatos deitados na cama fazendo cara de majestade, ou em pose de quem está prestes a fugir de um paparazzi. Seguem a data do último dia em que foi visto, idade e o suplício de um (a) dono (a) que sofre a ausência da sua bolinha de pêlo que faz “rom-rom”.
Caminhando nos arredores da noite – quando todos os gatos são pardos – vejo de quando em quando grupos de felinos parados na calçada, conversando entre eles. Raramente correm ou se movimentam bruscamente, mesmo com a minha aproximação mais evidente. Apenas interrompem a conversa pra depois continuar quando a gente está longe. Outro dia, ouvi algo como “Viu que o Jimmy fugiu pro Havaí?”.
Nas ruelas, os quintais avisam que a cidade é assim um pequeno país de gatinhos. Estirados tomando banho de sol, deitados nas cercas de madeira como cães de guardas preguiçosos. Estavam todos ‘hibernando’ no inverno, como se suas janelas fossem faróis de sentinela, ou tronos de primeiros-ministros. Fartos de tanto cafuné e de leite quente.
O cartaz que mais me chamou a atenção foi o do John Spencer. Segundo consta, ele responde ao ser chamado com voz aguda e tem até perfil no facebook, pode? :)
Gatinho escondido no quintal: quem viu quem, primeiro? ;) |
Na escada...com esse calor, eu também quero! |
Não um 'mancebo' perdido, é o meu querido gatinho Bruno Nescau que agora curte todas na Ilha de Itaparica :) |
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