quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Artefato de Natal

Em matéria de natal, existe um tal conjunto de coisas que formam uma tradição nessa época do ano. Trocar presentes, colorir a casa de enfeites típicos, neve pra todos os lados, missa do galo, luzes encantando as ruas, votos que se renovam e o balé quebra-nozes.
O cenário da natividade é imbatível como estória a ser recontada. Além desse mistério mágico, a estória do Papai Noel, os contos ‘modernos’ de Charles Dickens e de Ernest Hoffmann estão em todo lugar que se confundem com domínio público. Será que de fato não o são?  
Ainda no Brasil eu também ouvi a estória do espírito de natal do passado, do presente e do futuro além da estória do Quebra Nozes e o Camundongo Rei. O Balé com músicas de Tchaikovsky – a coreografia original é de Marius Petipa – é um clássico desde que foi encenado em 1892 na Rússia. E assim ficou sendo um presente característico do calendário de fim de ano. Só que esse presente é uma extraordinária celebração a ser compartilhada co-le-ti-va-men-te. Pra mim, uma espécie de artefato de Natal. Pra se sorver como coração cintilante. Sorrindo de canto de boca, faiscando até encontrar a garganta.
E pronto, a fascinação está aí: a neve que volta, as datas que se exaurem, a passagem do tempo que é pontuada por acontecimentos que, nós sabíamos, estavam por vir. Se a esses momentos inexoráveis pudermos adicionar algo de um deleite infantil e amoroso, vamos a ele!
Foi por isso que fui assistir ao Quebra Nozes. A Fantasia da estória de um sonho de uma menina é uma ótima forma de dizer que as estações passam, os acontecimentos se dão ... e bom é sublinhar os momentos que não podemos tocar e desembrulhar como um presente comum. Aquele balé com orquestra ao vivo, teatro lotado, burburinho de cochicho de multidão invisível e batuque de pé ritmado no chão, é presente bom de guardar de olhos fechados. Há quantos natais esse repertório é declamado a plateias em cantos do mundo?
A fada das neves, os doces dançando assanhados, os camundongos loucos, os carneiros saltitantes, as flores em pas de deux ... quantos cúmplices já não os viram desde quase-sempre? Difícil é segredar esse pequeno-grande acontecimento no metrô, durante o caminho de volta pra casa.

Os camundongos de Hoffmann, inspiradores do Quebra Nozes, azem graça nas vitrines da cidade durante as Festas ;)

2 comentários:

  1. Uma amiga me garante que eu vou passar a gostar do natal depois de me mudar praí. Quem sabe ela esteja certa?
    Abraço,
    Lidia.

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  2. Lidia querida, no fundo acho que em todo lugar do mundo quem gosta de natal é comerciante :). Mas quem sabe? :P

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