domingo, 28 de outubro de 2012

Banhos Públicos ou MELANCHOLY BABY


Em 1876 Montreal era uma cidade industrial cheia de operários amontoados por todos os lados. A coisa era tão braba que relatos históricos falam de condições de higiene miseráveis que a colocava em terceiro lugar no mundo entre as mais xexelentas da época; a primeira era a Calcutá e a segunda Alexandria.
Um monte de gente se acotovelando em condições megabizarras – banheira e água quente (elementos básicos na cidade invernal até hoje) eram artigos de luxo, imagina? – resultou em índices de mortalidade infantil assombrosos e uma onda de tifo.
Dizem que a coisa ficou pior também com o crack da bolsa de Nova Iorque 1929. Mas antes disso, em 1883 a construção de banhos públicos já era incentivada pela elite local. Eles não  queriam que as epidemias se espalhassem. A solução foi acabar com carnaval de micróbios promovendo o asseio público e a prática de esportes nesses piscinões nórdicos.

Hoje em dia são poucos ou pouquíssimos na cidade. Com o fim das vacas magras os banhos tomaram um cunho sexual e foram aos poucos sendo proibidos.
Montrealzinha guarda alguns como símbolo do seu patrimônio histórico (olha o flirck aí, gente!). Como o Bain Mathieu. O espaço é usado pra eventos como feirinhas de moda, bailes, festas... Foi assim que eu fui parar lá. Era uma feirinha alternativa de moda vintage, a OldWIG com stands, bebida, música, gente mergulhada no visu anos 1950, uma graça.

Uma amiga tem uma marca que tá dando super certo, o MELANCHOLY BABY e eu fui dar aquela força.
A sensação é louca porque a piscina tá lá imeeensa com as raias demarcadas, os azulejos azuis sorridentes e, claro, VAZIA. A feira foi montada dentro da piscina vazia. Parecia uma festa na lua!Mas todo mundo era muito moderno e aquilo tudo parecia muito natural. O que destoava do contexto, aliás, destoavam eram meus olhos esbugalhados achando tudo maravilhoso e original. Mergulhei nos brechós e nas músicas psicodélicas que enfeitavam o ambiente. Nos cabelos, cores, gestos, sensações. E depois voltei pra casa enfeitada de um luar estranho, que ainda não consegui decifrar;).

A planta do Bain Mathieu: o retângulo grandão é a piscina vazia

A disposição dos stands descolados!

Seu Alfred, fundador do Bain em 1931. A família aluga o espaço para eventos cool ;)

Fonte: aqui :P

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