quarta-feira, 16 de maio de 2012

La Grosse Pomme


                                                                                             Carranca Viajandona
 
Nova Iorque é grande e infinita. Impessoal e amorosa. A cidade de aceita tudo que é bicho do mundo, de carranca a bicho grilo, é um mix de humanidade sem preconceitos.

Andando na Times Square bati de frente com o museu 'Madame Tussaud'. A minha cabeça de carranca se pergunta porque tem gente que quer tirar fotos com uma estátua de cera? Humanos... 
Ainda no Times Square vendedores de cachorro-quente fazem lembrar a última tentativa de ataque terrorista na Grande Maçã. Diz a quase-lenda urbana, que um  deles viu uma mala suspeita no meio da Avenida e ligou para a polícia. Batata! Era realmente uma bomba. Obaminha até ligou pra agradecer! Em meio a sorrisos e um sol que brilha, a ameaça terrorista é real e constante. Fervilha, Nova Iorque!
Como a rainha de copas do livro Alice de Lewis Carroll. Ela dá ordens de cortarem nossas cabeças. Tentamos nos refazer com desespero para entender a cidade, e o emendo sai caótico e apaixonado por ela. Dá medo! Medo de Amor.
Se numa esquina um turbilhão de energias se aproxima inevitável, na outra é calmaria de se espraiar como numa música de ouvir e não de dançar.

Os museus do mundo estão lá. O Metropolitam, o Moma , o Britney, História Natural, Guggenheim e as galerias mais caretinhas. Todos disputam público e se reconciliam com ele. Há quem torça o nariz para certos tipos de arte!E Isso é arte? Espantou-se alguém ao meu lado. E isso é arte, hein? O bom é que Nova Iorque em arte dentro e fora das quatro linhas.
Veja essa ilha louca no ‘olhar-correspondido’ do Grande Eça de Queiroz (diplomata rico em detalhes, viajador de humor e 'desumor') em 1873:
“... É uma cidade que em parte amo e em parte detesto. Amo-a porque ...porque sim – e detesto-a, porque deve ser detestada. O que é, você não imagina: a violenta confusão desta cidade, o extraordinário deboche, o horror dos crimes, a desordem moral, a confusão das religiões, o luxo desordenado, a agiotagem febril, a demência dos negócios, os refinamentos do conforto material, os roubos, as ruínas, as paixões, os egoísmos, tudo isso está aqui chauffé au rouge. Isto não pode durar,todo mundo o diz. 
É uma cidade que tem cem anos e que está podre. Viveu muito e muito depressa.  – e chegou sem educação. Porque a verdade é esta: New-York (como chama Eça a Maçãzona) não tem civilização. Há mais civilização num beco de Paris do que em toda vasta New York (...)
Se você sai do seu Hotel e encara alguma das grandes ruas de New-York, fica aterrado: aquela agitação, estrondo, ruído, febre, rostos consumidos e secos, carruagens nos passeios, cavalos de ferro a máquina por cima das ruas, junto aos tetos das casas, os aparatos imensos da polícia, a excentricidade dos anúncios, o rumor apressado de todo o mundo ...  Compreende logo que está entre um povo bárbaro que aprendeu a civilização de cor. Mas bárbaro como é – que força, que originalidade inventiva, que firmeza! –É estranho!
Estúpida New-York (e aqui ele menciona que na época, Nova Iorque era chamada de “A cidade” e não ainda de a grande maçã) que se chama a si mesma de A Cidade como Roma – que fez ela jamais para se chamar A Cidade ? Paris fez a Revolução, Londres deu Shakespeare, Vienna deu Mozart, Berlim deu Kant, Lisboa... deu-nos a nós – que diabo! Mas esta estúpida New –York, o que tem dado? (...) E no entanto, meu amigo, é necessário amá-la! (...) É uma tão vasta nota de ruído que a humanidade faz sobre o globo – que fica pra sempre no ouvido!
Querida New-York –Não, odiada New-York!”

Foi nessa cidade que morreu um Beatle, enquanto ex-beatle. Neste sentido, acho que já posso responder ao Eça sobre o que deu 9orque: Ela deu Campos de Morangos e a sociedade de consumo, o animal o marketeiro que vende o que já não tem remédio e movimenta a bolsa: A tragédia. Tinha uma banca de venda de camisetas com fotos de John Lennon a poucos metros do lugar onde foi assassinado. No que também era seu canto preferido do parque. Muita gente comprando...
Engraçado relembrar que foram brasileiros os primeiros judeus a chegarem em Nova Iorque.Alguns arriscam a dizer que eles fundaram a cidade. Expulsos do Recife – onde fora erguida a primeira Sinagoga das Américas – fizeram uma tentativa anterior na Jamaica, que não deu certo. Embarcados no Gulden Valk chegaram à cidade do King Kong. E lá se instalaram como tantos outros formando essa cidade desavergonhada. Sedutora como um bombom Heavy Metal. Sem pena de roubar o coração de que a vê pela primeira vez.






                   
                   

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