quinta-feira, 17 de maio de 2012

Conversas de Metrô


Conversas metrosísticas são rápidas que só. Basta o tempinho entre uma estação e outra... e a ‘ligação’cai :). Então, a conversa tem que ser entendida rapidamente – rápido como se rouba, já se dizia na Boa Terra ;) – a comunicação deve ser completa: transmissão do que se pensou (1ª pessoa)  + compreensão do que se quis dizer (2ª pessoa) + compreensão do primeiro interlocutor que o que ele quis dizer foi compreendido...e vamos parar por aqui antes que isso se transforme na estória da cobra que morde o rabo!
Toda essa presepada pseudocientífica é pra contar das ‘conversas’ que tenho ‘participado’ aqui no metrô. Uma das primeiras foi uma conversa megaestranha. Estava eu atrapalhada com o fechamento do meu casaco antes de subir pra superfície e enfrentar o frio invernal e uma figura surgiu do nada, me ajudou a fechar o casaco e voltou pra o lugar de onde veio. Não me perguntem como. De-sa-pa-re-ceu! Já viu isso?
N’outra, uma menina esta lendo O velho e o mar de Ernest Hemingway em papel e eu no leitor de livro eletrônico. E a conversa ficou no seguinte: Ei, você lendo o livro físico em francês e eu lendo o livro aqui no meu kindle. Muito louco esse mundo, não acha? Entre milhares de pessoas no metrô e nós, no mesmo vagão, em bancos ladeados, lendo a mesma obra em idiomas e formatos diferentes... Já chegou naquela parte em que o velho luta com o peixão? Ou tá naquela em que ele dorme antes de sair pra pescar com o menino? Já viu quanta poesia tem no mar? A sua tradução é tão bonita quanto a minha?
Eh...bem...com um pouquinho de vergonha vou confessar que esse diálogo não aconteceu. Teria sido uma boa farra de conversa sem rumo sobre o livro. Mas minha timidez prometeu ir embora dia 1 de julho – dia miniinternacional da mudança, aqui no Québec – e não vou mais me podar quando alguém tiver lendo um livro-que-me-interessa-falar-sobre (e juro que não estou cruzando os dedos).
Outra conversa? Corri descabeladamente pra entrar no vagão antes que ele fechasse e quaaase me esbarrei na moça que tava na porta do trem. Pedi desculpas e ela sorriu aproveitando a deixa:
- Quero ir pra estação Mont-Royal, estou na direção certa?
- Sim, senhora. Tá sim! - falei
- Tenho um encontro em frente ao quiosque de flores!
- Ok...
- Isso sim que é sinal de primavera: encontro em frente ao quiosque de flores,não acha?
- Acho sim, sem dúvida!
- Vou encontrar a minha filha que não vejo faz dois anos... ela saiu do Chile pra morar aqui ... tou emocionada...
- Imagino, boa sorte!
- Desejo um encontro em frente de um quiosque de flores pra você também!   
- Obrigada!
E o nome da cidade é...Primavera ;)

Olha o quiosque-fofo!

2 comentários: