O cenário da natividade é
imbatível como estória a ser recontada. Além desse mistério mágico, a estória
do Papai Noel, os contos ‘modernos’ de Charles Dickens e de Ernest Hoffmann
estão em todo lugar que se confundem com domínio público. Será que de fato não
o são?
Ainda no Brasil eu também ouvi a
estória do espírito de natal do passado, do presente e do futuro além da estória
do Quebra Nozes e o Camundongo Rei. O Balé com músicas de Tchaikovsky – a coreografia
original é de Marius Petipa – é um clássico desde que foi encenado em 1892 na
Rússia. E assim ficou sendo um presente característico do calendário de fim de
ano. Só que esse presente é uma extraordinária celebração a ser compartilhada
co-le-ti-va-men-te. Pra mim, uma espécie de artefato de Natal. Pra se sorver
como coração cintilante. Sorrindo de canto de boca, faiscando até encontrar a
garganta.
E pronto, a fascinação está aí: a
neve que volta, as datas que se exaurem, a passagem do tempo que é pontuada por
acontecimentos que, nós sabíamos, estavam por vir. Se a esses momentos inexoráveis
pudermos adicionar algo de um deleite infantil e amoroso, vamos a ele!
Foi por isso que fui assistir ao
Quebra Nozes. A Fantasia da estória de um sonho de uma menina é uma ótima forma
de dizer que as estações passam, os acontecimentos se dão ... e bom é sublinhar
os momentos que não podemos tocar e desembrulhar como um presente comum. Aquele
balé com orquestra ao vivo, teatro lotado, burburinho de cochicho de multidão
invisível e batuque de pé ritmado no chão, é presente bom de guardar de olhos
fechados. Há quantos natais esse repertório é declamado a plateias em cantos do
mundo?
A fada das neves, os doces
dançando assanhados, os camundongos loucos, os carneiros saltitantes, as flores
em pas de deux ... quantos cúmplices já não os viram desde quase-sempre? Difícil
é segredar esse pequeno-grande acontecimento no metrô, durante o caminho de volta
pra casa.
Os camundongos de Hoffmann, inspiradores do Quebra Nozes, azem graça nas vitrines da cidade durante as Festas ;) |