Já tem fumacinha saindo da boca
quando se tagarela na rua. Já tem que se usar luvas pra quem anda de bicicleta
por aí, mas ainda não tem neve. Tem chuva.
O Québec é a terra do gelo e
talvez por isso as chuvas no outono por aqui não me agradam tanto. Meu gostar é bipolar: ou o
sol ou a neve. Quando tem chuva, eu me sinto quase que como ultrajada por um
fenômeno natural que não é novo #malhumoradaeu? e no entanto não se apresenta
como eu costumava experienciar desde o meu ‘sempre’.
Elas não são refrescantes como uma chuva
tropical. São frias – às vezes geladas – como um chuveiro que não se pode
alterar para o modo quente. Não é mística, não passeia pelo desvio de um
pensamento furtivo, bom. Nem dá vontade de botar a língua pra fora pra tomar um
tiquinho ;P. É uma chuva burocrática. Cai. Molha. Congela a derme, provoca
gripe #hipocondríacaeu? E, geralmente vem ‘temperada’ por um céu cinzento e um
vento agudo.
Pro meu relato não transbordar em
indocilidade malcriada, quero dizer que por um ato de Deus, meus sentimentos
estão se modificando graças ao caro Martin Page. É que esperando a chuva
passar, me abriguei em um sebo. Lá reencontrei um dos meus franceses preferidos.
O destino me botou cara a cara com o primeiro livro que li de sua autoria –
ainda em português e no Brasil-sil-sil – o ‘
Como me tornei estúpido’ só que dessa vez na versão original.
Melhor que isso foi ver o seu ‘
De la
pluie’* que nunca tinha ouvido falar. É um tratado sobre a chuva com poesia
branda de botar sorriso no rosto.
Comprei. Gostei muito e recomendo
no mesmo tanto.
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Fugindo da chuva-má num viaduto! |
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O livro que amoleceu meu coração de pedra e sem alma ;) |
*Em tradução
livre e burocrática : Da chuva