Outro dia, um amigo quebequense comentou
que achava bizarro pra não dizer assustador o fato de no Brasil haver macacos nas
árvores nas ruas das cidades. Eu retruquei que achava estranho ratos de cauda
grande nas árvores e ruas, saqueando lixos, comendo toda e qualquer porcaria,
assaltando sacos de pipoca e vá lá...fazendo gracinhas também. Ele retrucou dizendo “Mas os micos são mini-humanos quase!
Têm trejeitos de gente!” (não esqueçamos que os macacos são nossos primos mais
próximos :))
(pausa dramática)
Lembrei da estrada que peguei de
Montreal pra Toronto. Um monte de marmotas 'terminadas' pelo caminho (tentei evitar a cacofonia marmotas mortas que Deus castiga ;P). Bicho comum por
aqui, mas estranhão pra quem vem do sul (ao menos pra mim). Nada contra as
bichinhas, mas são antas que não deram certo, tadinhas. Ele me olhou com o olho
do tamanho de uma lua cheia “Não, elas não são estranhas!” Ai,ai,ai...e o olho virou um
planeta de fogo quando eu disse que elas são exóticas. Juro pela minha coleção
de cadeiras em miniatura (que aliás, ainda não comecei) a palavra EXÓTICA
pareceu ofensiva.
Fiquei pensando que a fórmula simples de perceber os diversos pontos de vista é
dificilmente aplicada na vida da gente; e se o é, dificilmente repetida. Quando por aqui, um 'local' me pergunta o
que acho do Québec e digo que há algo de exótico... na neve...e listo coisas que me
parecem diferentes e incomuns – até o primeiro encontro com elas – às vezes, a coisa não
é bem recebida, ou pior, assimilada. Exótico é o que não sou eu e ponto final. Pra não ser eu, é preciso um distanciamento máximo do objeto em questão. Já o lugar do exótico é estável...imutável
como, como ... NADA na vida (ou quase nada).
Pra mim isso é só o começo da
discussão. Uma cosquinha (mais uma). O negócio ainda é observar, observar e observar.
Depois a gente vai falando o que vai vendo, compartilhando, acertando e errando
também. E ... quanto espanto, quanto desencontro e desentendimento! Ai,ai,ai... quando não bate a preguiça, se colocar no lugar do outro, refletir e
refletir-se é um bom negócio.