terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ainda verão

Há três dias atrás ainda era verão. Naqueles termos da indecisão entre deixar a brisa fria entrar no lado sombra da calçada ou deixar  o sol queimar a nuca no lado sol. A cidade entrando num modo de calma branda que começa  chegar com a mudança de estação mas ainda sentindo que a hora ‘H’ ainda não chegou.  Tem clima pra vestir tecidos frívolos e esvoaçantes, pra tomar sorvete e andar de bicicleta, mas no meio do caminho pode dar um friozinho de pensar em correr pra debaixo das cobertas.
Mesmo assim eu fui ver a floresta urbana desse ano. Fica do lado do museu McCord.  Do lado de fora ;) . Num nicho discreto e misterioso, entre os arranha-céus de vidro e concreto, gaivotas e fumaça de carro. Em 2013 capricharam no roxo e neste ano foi o laranja a vedete.
Ao virar a esquina e  dar de cara com a festa de laranjas me pareceu natural ver árvores de panos coloridos e arame, gente sentada nos bancos de madeira e o vento bagunçando tudo. Executivos correm de bicicleta, estudantes saem da escola em bando, pedestres sem destino atravessam e entre o verde das árvores teimosas o laranja da floresta deslocada de um imaginário para a vida real.

Ainda dá pra brincar com as cores antes que o tempo vire a maré de outono chegue.  E as fotos aí embaixo são para celebrar esse pequeno momento.













sábado, 6 de setembro de 2014

Cora Ronái

Com Cora foi assim:
Eu frequentava uma livraria que nem sei se existe mais em Salvador. Se chama Berinjela. Tem livros usados, LPs, Cds, raridades e afins.  Tinha ouvido dizer que A editora 34 havia feito a proeza de publicar a primeira tradução direta do russo para o português da obra de Dostoiévski. Enlouqueci. O nome de Rónai já não era novo pra mim. Tinha lido a Biografia ilustrada escrita por ele sobre Balzac . Uma diversão só :). E saber que as traduções que tinha lido do Dodô (pois é, desculpem a intimidade) não eram diretas me deixou cheia de curiosidade.
Na hora do almoço fui fuçar o sebo de cabo a rabo. Achei foi nada. Digamos, não o que eu procurava. Encontrei foi um livreto de esquina com a parede. “Fala Foto” de Cora Rónai. Alegremente surpreendida comprei-o e guardei pra ler na volta pra casa.
Voltei andando, sem saber que se podia escrever um livro assim. Sem saber que fora o Paulo havia ainda sua filha. “Que maravilha ,” pensei! Um socorro de bolso para esperar na fila do cinema, para ver o mundo de outras formas.

Daí que esses dias, bulindo no site do jornal “o globo” vi que Cora tem uma coluna. Decidi que vou acompanhá-la. E, que coincidência – dessas do acaso com mania de grandeza* –   dei logo de cara com um texto sobre Montreal:
    

Pra ler toda quinta <3.





* Mário Quintana