sábado, 26 de maio de 2012

Vovó Dilminha


fonte: google images



Bisbilhotando pela rede um desses sites de notícias do Brasil – ô vício! – encontrei uma notícia deleitosa: a mãe de um menino de cerca de um ano de idade resolveu viajar com o pai dele, deixando o bebê para os cuidados da avô materna. Normalzão,né? E se a vó trabalha pra caramba e resolve levar o tchutchuco pra conhecer seu habitat profissional? Estranho, mas ok. E se... e se a vovó se chamar Dilma Roussef? Não a D. Dilma Mãe (neste caso bisavó do anjinho) a Dilminha presidenta do Brasil.
Imaginou a cena? Aqui ó ;)
Nem Ziraldo imaginaria uma vozinha tão, digamos diferenciada!


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Conversas de Metrô


Conversas metrosísticas são rápidas que só. Basta o tempinho entre uma estação e outra... e a ‘ligação’cai :). Então, a conversa tem que ser entendida rapidamente – rápido como se rouba, já se dizia na Boa Terra ;) – a comunicação deve ser completa: transmissão do que se pensou (1ª pessoa)  + compreensão do que se quis dizer (2ª pessoa) + compreensão do primeiro interlocutor que o que ele quis dizer foi compreendido...e vamos parar por aqui antes que isso se transforme na estória da cobra que morde o rabo!
Toda essa presepada pseudocientífica é pra contar das ‘conversas’ que tenho ‘participado’ aqui no metrô. Uma das primeiras foi uma conversa megaestranha. Estava eu atrapalhada com o fechamento do meu casaco antes de subir pra superfície e enfrentar o frio invernal e uma figura surgiu do nada, me ajudou a fechar o casaco e voltou pra o lugar de onde veio. Não me perguntem como. De-sa-pa-re-ceu! Já viu isso?
N’outra, uma menina esta lendo O velho e o mar de Ernest Hemingway em papel e eu no leitor de livro eletrônico. E a conversa ficou no seguinte: Ei, você lendo o livro físico em francês e eu lendo o livro aqui no meu kindle. Muito louco esse mundo, não acha? Entre milhares de pessoas no metrô e nós, no mesmo vagão, em bancos ladeados, lendo a mesma obra em idiomas e formatos diferentes... Já chegou naquela parte em que o velho luta com o peixão? Ou tá naquela em que ele dorme antes de sair pra pescar com o menino? Já viu quanta poesia tem no mar? A sua tradução é tão bonita quanto a minha?
Eh...bem...com um pouquinho de vergonha vou confessar que esse diálogo não aconteceu. Teria sido uma boa farra de conversa sem rumo sobre o livro. Mas minha timidez prometeu ir embora dia 1 de julho – dia miniinternacional da mudança, aqui no Québec – e não vou mais me podar quando alguém tiver lendo um livro-que-me-interessa-falar-sobre (e juro que não estou cruzando os dedos).
Outra conversa? Corri descabeladamente pra entrar no vagão antes que ele fechasse e quaaase me esbarrei na moça que tava na porta do trem. Pedi desculpas e ela sorriu aproveitando a deixa:
- Quero ir pra estação Mont-Royal, estou na direção certa?
- Sim, senhora. Tá sim! - falei
- Tenho um encontro em frente ao quiosque de flores!
- Ok...
- Isso sim que é sinal de primavera: encontro em frente ao quiosque de flores,não acha?
- Acho sim, sem dúvida!
- Vou encontrar a minha filha que não vejo faz dois anos... ela saiu do Chile pra morar aqui ... tou emocionada...
- Imagino, boa sorte!
- Desejo um encontro em frente de um quiosque de flores pra você também!   
- Obrigada!
E o nome da cidade é...Primavera ;)

Olha o quiosque-fofo!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

La Grosse Pomme


                                                                                             Carranca Viajandona
 
Nova Iorque é grande e infinita. Impessoal e amorosa. A cidade de aceita tudo que é bicho do mundo, de carranca a bicho grilo, é um mix de humanidade sem preconceitos.

Andando na Times Square bati de frente com o museu 'Madame Tussaud'. A minha cabeça de carranca se pergunta porque tem gente que quer tirar fotos com uma estátua de cera? Humanos... 
Ainda no Times Square vendedores de cachorro-quente fazem lembrar a última tentativa de ataque terrorista na Grande Maçã. Diz a quase-lenda urbana, que um  deles viu uma mala suspeita no meio da Avenida e ligou para a polícia. Batata! Era realmente uma bomba. Obaminha até ligou pra agradecer! Em meio a sorrisos e um sol que brilha, a ameaça terrorista é real e constante. Fervilha, Nova Iorque!
Como a rainha de copas do livro Alice de Lewis Carroll. Ela dá ordens de cortarem nossas cabeças. Tentamos nos refazer com desespero para entender a cidade, e o emendo sai caótico e apaixonado por ela. Dá medo! Medo de Amor.
Se numa esquina um turbilhão de energias se aproxima inevitável, na outra é calmaria de se espraiar como numa música de ouvir e não de dançar.

Os museus do mundo estão lá. O Metropolitam, o Moma , o Britney, História Natural, Guggenheim e as galerias mais caretinhas. Todos disputam público e se reconciliam com ele. Há quem torça o nariz para certos tipos de arte!E Isso é arte? Espantou-se alguém ao meu lado. E isso é arte, hein? O bom é que Nova Iorque em arte dentro e fora das quatro linhas.
Veja essa ilha louca no ‘olhar-correspondido’ do Grande Eça de Queiroz (diplomata rico em detalhes, viajador de humor e 'desumor') em 1873:
“... É uma cidade que em parte amo e em parte detesto. Amo-a porque ...porque sim – e detesto-a, porque deve ser detestada. O que é, você não imagina: a violenta confusão desta cidade, o extraordinário deboche, o horror dos crimes, a desordem moral, a confusão das religiões, o luxo desordenado, a agiotagem febril, a demência dos negócios, os refinamentos do conforto material, os roubos, as ruínas, as paixões, os egoísmos, tudo isso está aqui chauffé au rouge. Isto não pode durar,todo mundo o diz. 
É uma cidade que tem cem anos e que está podre. Viveu muito e muito depressa.  – e chegou sem educação. Porque a verdade é esta: New-York (como chama Eça a Maçãzona) não tem civilização. Há mais civilização num beco de Paris do que em toda vasta New York (...)
Se você sai do seu Hotel e encara alguma das grandes ruas de New-York, fica aterrado: aquela agitação, estrondo, ruído, febre, rostos consumidos e secos, carruagens nos passeios, cavalos de ferro a máquina por cima das ruas, junto aos tetos das casas, os aparatos imensos da polícia, a excentricidade dos anúncios, o rumor apressado de todo o mundo ...  Compreende logo que está entre um povo bárbaro que aprendeu a civilização de cor. Mas bárbaro como é – que força, que originalidade inventiva, que firmeza! –É estranho!
Estúpida New-York (e aqui ele menciona que na época, Nova Iorque era chamada de “A cidade” e não ainda de a grande maçã) que se chama a si mesma de A Cidade como Roma – que fez ela jamais para se chamar A Cidade ? Paris fez a Revolução, Londres deu Shakespeare, Vienna deu Mozart, Berlim deu Kant, Lisboa... deu-nos a nós – que diabo! Mas esta estúpida New –York, o que tem dado? (...) E no entanto, meu amigo, é necessário amá-la! (...) É uma tão vasta nota de ruído que a humanidade faz sobre o globo – que fica pra sempre no ouvido!
Querida New-York –Não, odiada New-York!”

Foi nessa cidade que morreu um Beatle, enquanto ex-beatle. Neste sentido, acho que já posso responder ao Eça sobre o que deu 9orque: Ela deu Campos de Morangos e a sociedade de consumo, o animal o marketeiro que vende o que já não tem remédio e movimenta a bolsa: A tragédia. Tinha uma banca de venda de camisetas com fotos de John Lennon a poucos metros do lugar onde foi assassinado. No que também era seu canto preferido do parque. Muita gente comprando...
Engraçado relembrar que foram brasileiros os primeiros judeus a chegarem em Nova Iorque.Alguns arriscam a dizer que eles fundaram a cidade. Expulsos do Recife – onde fora erguida a primeira Sinagoga das Américas – fizeram uma tentativa anterior na Jamaica, que não deu certo. Embarcados no Gulden Valk chegaram à cidade do King Kong. E lá se instalaram como tantos outros formando essa cidade desavergonhada. Sedutora como um bombom Heavy Metal. Sem pena de roubar o coração de que a vê pela primeira vez.